domingo, 6 de fevereiro de 2011

Os mensageiros distraídos

Li esta mensagem, hoje, no meu "Evangelho no Lar", que realizo todo domingo às 19:00h e fiquei a pensar: Deus nos concebe a benção do trabalho como forma de crescimento espiritual e tudo o queremos é servir, dizemos. Uma vez detentores da tarefa, passamos a olhar em torno os companheiros e a identificar em cada um suas mazelas, próprias de cada ser, pois não somos ainda puros e bons. Esquecidos de que estamos a serviço do Cristo e de sua obra, passamos a nutrir uns pelos outros sentimentos antifraternos e a cobrar aquilo que o outro não pode dar; impomos nossos pontos de vista, orgulhosamente; responsabilizamos o outro por erros na tarefa; condicionamos nossa participação à contribuição do outro; exigimos ser tratados com distinção, de conformidade como somos tratados em sociedade, esquecidos de que todos somos iguais perante Deus e o trabalho na seara do Cristo. Por fim, vindo a decepção com os companheiros, abandonamos a obra - do Cristo - esquecidos de que, suplicamos a Deus nos concedesse instrumentos para nossa evolução, mesmo que esses instrumentos fossem os mais difíceis de operar. Como diz a mensagem do livro Jesus no Lar, " Enquanto alimentam o distúrbio, levianos e distraídos, os necessitados de luz e socorro desfalecem à falta de assistência e dedicação".

Vejamos a mensagem na íntegra!

Os ouvintes do culto da Boa Nova discorriam sobre as polêmicas que se travavam incessantemente em torno da fé, nos círculos do farisaismo de várias escolas, quando o Cristo, dentro da profunda simplicidade que lhe era característica,
narrou, tolerante:

— Um grande senhor recebeu alarmantes notícias de vasto agrupamento de servos, em zona distante da sede do seu governo, que se viam fustigados por febre maligna, e, desejoso de socorrer os tutelados que sofriam na região remota de seus domínios, enviou-lhes mensageiros de confiança, conduzindo remédios adequados à situação e providências alusivas ao reajustamento geral.

Os emissários sairam do palácio com grandes promessas de trabalho, segurança e eficiência na missão; todavia, assim que se viram fora das portas do senhor, começaram a rixar pela escolha dos caminhos.

Uns reclamavam o atalho, outros a planície sem espinheiros e outros, ainda, pediam a passagem através dos montes.
Longos dias perderam na disputa, até que o grupo se desuniu, cada falange atendendo aos próprios caprichos, com absoluto esquecimento do objetivo fundamental.

As dificuldades, porém, não foram solucionadas com decisão. Criados os roteiros diferentes, como que se dilataram os conflitos. Reduzidas agora, numêricamente, as expedições sofreram, com mais rigor, os golpes esterilizantes das opiniões pessoais. Os viajantes não cuidavam senão de inventar novos motivos para o atrito inútil. Entre os que marchavam pelo trilho mais curto, pela vargem e pela serra lavraram discussões improdutivas, contundentes e intermináveis. Dias e noites preciosos eram despendidos em comentários ruidosos quanto à febre, quanto à condição dos enfermos ou quanto às paisagens em torno. Horas difíceis de amargura e desarmonia, de momento a momento, interrompiam a viagem, sendo a
muito custo evitadas as cenas de pugilato e homicídio.

Surgiam as contendas, a propósito de mínimas questões, com pleno desperdício da oportunidade, e, em razão disso, tanto se atrasaram os viajores do atalho, quanto os da planície e do monte, de vez que se encontraram no vale da peste a um só tempo, com enorme e irremediável desapontamento para todos, porqüanto, à míngua do prometido recurso, não sobrara nenhum doente vivo na carne.

A morte devorara-os, um a um, enquanto os mensageiros discutidores matavam o tempo, através da viagem.
O Mestre fixou nos aprendizes o olhar muito lúcido e aduziu:

— Neste símbolo, temos o mundo atacado pela peste da maldade e da descrença e vemos o retrato dos portadores da medicação celeste, que são os religiosos de todos os matizes, que falam na Terra, em nome do Pai. Os homens iluminados pela sabedoria da fé, entretanto, apesar de haverem recebido valiosos recursos do Céu para os que sofrem e choram, em consequência da ignorância e da aflição dominantes no mundo, olvidam as obrigações que lhes assinalam a vida e, sobrepondo os próprios caprichos aos propósitos do Supremo Senhor, se desmandam em desvarios verbais de toda espécie. Enquanto alimentam o distúrbio, levianos e distraídos, os necessitados de luz e socorro desfalecem à falta de assistência e dedicação.

E afagando uma das crianças presentes, qual se concentrasse todas as esperanças no sublime futuro, finalizou, sorridente e calmo:
— A discussão, por mais proveitosa, nunca deve distrair-nos do serviço que o Senhor nos deu a fazer.

Do livro - Jesus no Lar

Por Dora Rodrigues